segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Onda urbana

Por Fernanda Ribas de Oliveira

Faz três graus, mas a sensação térmica é muito mais baixa. A neve ainda cai. São flocos tão pequenos que não chegam a tocar o chão. O vento é forte, mas as toucas, cachecóis, luvas e casacos protegem as pessoas pelas ruas. Alguns caminham, outros arriscam pedalar sobre a neve que forra o solo como um tapete branco. O inverno está só começando.

Ao andar pelas ruas centrais a cultura alemã se consagra em cada detalhe. Barracas que vendem frutas das mais exóticas. Amoras, framboesas, cerejas, romãs e ameixas. Outras vendinhas oferecem as típicas salsichas dentro de um pão baguete, nada mais tradicional para quem é de fora provar. Na frente de uma loja, três homens apostam na música latina para ganhar algumas moedas na caixinha de papelão. Os restaurantes típicos servem carne de porco, batatas e chucrute, além do chope em canecões de um litro.


Muitos turistas circulam pela Prinzregentenstrasse, onde está localizado o Museu de Arte “Haus der Kunst” e o início do Englischer Garten na face sul, o maior parque da Alemanha. Ao lado, está o Rio Isar, um dos afluentes do grande Danúbio, que corta a cidade e corre por toda a extensão do parque.


O rio é largo e raso. A água num tom verde musgo é o habitat de diversos patos e peixes. O Isar divide-se em corredeiras artificiais que cortam todo o Englischer Garten. Uma delas é o Eisbach, que significa córrego gelado em português. Na sua margem, árvores ainda carregam as últimas folhas da estação e estampam o cenário de cartão postal da capital da Bavária.

De longe se avista um menino com uma prancha embaixo do braço. Seus passos pela Prinzregentenstrasse são tão rápidos como se algo de muito horrível estivesse a acontecer naquele momento. A roupa e a bota de neoprene preto aquecem o corpo do surfista em pleno inverno. Após alguns segundos ele desaparece virando à direita naquela mesma rua.

Ao chegar mais perto daquele local, algumas pessoas estão paradas na ponte Himmelreich e olhando para baixo. São tantos os curiosos que é difícil arranjar lugar para decifrar o que está acontecendo ali embaixo. Um menino carrega uma câmera fotográfica e registra o momento, outro casal deslumbrado observa atentamente, algumas crianças que não alcançam o parapeito espiam pelos seis círculos vazados que decoram a ponte.


O barulho é como se fosse de uma forte queda d’água. O córrego Eisbach passa por baixo da cidade de Munique e através da ponte Himmelreich surge com sua forte correnteza. Suas águas geladas batem contra uma rampa de pedras e formam uma onda de um metro de altura.

A cada momento mais pessoas paravam para olhar a onda eterna. Da ponte consegue-se observar a fila formada na neve. São surfistas. Um atrás do outro. Uns conversam, outros se concentram. Alguns mais novos e outros mais velhos. Todos esperam a sua vez bem ali no coração da cidade.

Na margem, o menino larga a prancha na água e joga-se em cima dela em pé. Com um movimento rápido começa a fazer a arte. A perna de trás faz peso sobre a prancha e coordena as manobras, a da frente acompanha. São rasgadas de um lado para o outro, aproveitando toda a extensão de 12 metros da onda. Em um certo momento, com um movimento rápido, o menino lança seu corpo para trás e deixa-o fluir com a correnteza. Segundos depois ergue-se, sai da água, pega sua prancha e retorna para o fim da fila.

Sempre viajando pelo mundo atrás de imagens do surfe, o video-maker catarinense Pablo Aguiar viu de perto a atração. Em um tour pela Europa, Pablo escollheu a cidade para fazer parte do roteiro de imagens. Com ele estavam Cássio Sanchez e James Santos, que fazem do surfe uma profissão. Através da lente de sua câmera, Pablo filmou as melhores manobras de Cássio e James para realização do filme Simples Olhar.


Em um dos vídeos, Cássio comenta sobre a experiência em Munique. “É diferente pra caramba de tudo. Difícil de surfar no começo. Só que na real a gente veio mais para conhecer a cultura dos surfistas de rio. Cada um espera sua vez, fica na fila indiana. Vai, cai, volta para o fim da fila e assim vai. E você pode ir aperfeiçoando as suas manobras igual no skate, porque a onda está ali parada todo santo dia, todo santo horário”.

É necessário uma certa habilidade. Um movimento errado faz com que o surfista caia e seja levado pela correnteza. Alguns deles arriscam manobras mais arrojadas. Uns jogam a prancha pro ar e outros giram em 360 graus. Em apenas um metro de altura esses artistas chamam a atenção dos turistas que caminham pela Prinzigentenstrasse.

Na margem esquerda do Eisbach, a placa alerta que surfar e nadar é proibido. Mas a regra parece não incomodar os que estão surfando. Alguns protestos já foram feitos pelos surfistas locais para legalizar a prática do esporte no córrego, mas o processo ainda continua e enquanto isso os surfistas se arriscam por alguns momentos de adrenalina.
Foi na década de 70 que surfistas alemães encontraram ali, nas correntezas do Eisbach um bom lugar para surfar. A notícia correu de boca em boca. Hoje em dia, além de ter virado um cartão postal, até os guias de viagens mais tradicionais apontam o surfe no Eisbach como um ponto turístico de Munique. Para quem estiver de passagem pela cidade, não se assuste se alguém cruzar a sua frente com uma prancha de surfe. É apenas um surfista em busca da onda urbana.

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